sexta-feira, 25 de julho de 2008

Prémio Aveiro

Em 2005, ganhei o 2º prémio da VII Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro, com o trabalho "Qual gostas mais ?". Era um trabalho com 25 metro e cerca de 250 "pedras" e tinha a particularidade de só ficar acabado com a intervenção do público, que junto ao trabalho tinha um pequeno texto explicativo. Lembro-me de ter ido no final da exposição fotografar o resultado e a parede estava fantástica. O público "trabalhou" comigo e o objectivo tinha sido alcançado.
"Qual gostas mais ?"
Barro chamotado, grês de várias cores, porcelana de várias cores, faiança, barro vermelho, pequenos blocos escavados, lastra, rolos, peças cozidas em diferentes fornos e com diferentes temperaturas. 6 x 5 x 2500 cm. 2005

Pormenor de como foi ficando a parede.

"QUAL GOSTAS MAIS ?"
Em quase todo o mundo, quando alguém sai para dar um passeio, encontra uma folha, uma concha ou uma pedra que lhe chama a atenção e, muitas vezes, leva-a para casa. Outros deixam a sua própria marca com inscrições do tipo "X esteve aqui", " chamo-me Maria" ou "amo-te Zé"...Tendo como referência estas duas situações, desafio o público a que interfira numa parte do meu trabalho. Se alguma "pedra" lhe chamar á atenção, podem deixar uma mensagem na parede junto a ela. Desta forma, o trabalho mostrará variações á medida que o público passa, da mesma forma que a natureza foi variando desde que o Homem existe.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Dia de descanso

Depois de um dia em frente ao forno de lenha, o corpo e a mente precisam de descanso. No dia seguinte, fui ao meu local preferido em Outeiro. Pelo caminho encontrei vários insectos, mas a estes dediquei-lhes um pouco mais de atenção.

Quando cheguei ao local encontrei este pastor. Ficou todo feliz por poder conversar um pouco.


Assim estava este terreno, já não tinha água e bem mais seco do que o tinha encontrado em Março. Para além disso foi com satisfação que o encontrei com um rebanho enorme e os respectivos cães de guarda ( um deles, bem simpático, aqui á direita)


Quando regressei, as ovelhas decidiram fazer o mesmo. Foi um passeio diferente, mas bem relaxante. Deu para "carregar baterias". Daqui por uns dias vou para lá outra vez.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Fornada

Este era o aspecto do trabalho antes de ir para o forno de lenha. Dois tipos de grês, ambos brancos, um com chamote grosso e outro com fibra de papel. Dentro das"janelas" engobes de várias cores.
Aqui já tinha enfornado todos as peças do trabalho. Uma fornada apenas para um trabalho meu, mais os dois trabalhos dos miúdos.

Este foi o resultado final de algumas das peças. A fornada demorou sete horas e não correu muito bem. O forno trabalhou razoavelmente até aos 950ºC, mas depois apenas consegui ir até aos 1080ºC. Entre uma temperatura e outro estive cerca de três horas, sempre a consumir lenha. A ideia era chegar aos 1150ºC. O motivo pelo qual a temperatura não queria subir foi pelo facto de ter havido um estrangulamento na saída da chaminé. Fiz uma alteração para não haver riscos de incêndio, no Verão, mas foi demasiado e o forno perdeu o rendimento. Bastará fazer uma pequena alteração no cimo da chaminé e voltará a funcionar bem e sem qualquer tipo de riscos.
Apesar de não ter chegado á temperatura desejada, o trabalho ficou como eu o imaginei. Valeu a pena o esforço, apesar de tudo e fiquei satisfeita com o resultado.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Trabalho em férias

O meu filho Rafael a pintar o seu foguetão.

O amigo inseparável do meu filho, o Miguel, estava todo feliz por ter acabado de pintar a sua tartaruga.

Este era o trabalho que estava á espera dos meus acabamentos.

Também me calhou pintar o trabalho.

Na passada semana, aproveitei para ir até Outeiro, Bragança. Ainda não percebi se vou até lá com o pretexto de ir cozer no meu forno de lenha, ou se cozo com o pretexto de ir até Outeiro. De uma coisa é certa, sinto-me bem cada vez que lá vou.
Desta vez o Rafael e o seu amigo tinham feito uma peça, cada um, para levar e cozer juntamente com o meu trabalho. Para eles foi uma aventura. Bem, mais para o amigo, pois o Rafael já começa a estar habituado a estas coisas mas gosta sempre de participar de alguma forma.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Trabalho em férias

Tirei uns dias de férias para vir até aqui, Outeiro, mas nunca consigo vir cá sem que utilize o meu forno. Vim com um trabalho para cozer e ontem foi essa a minha tarefa.
Agora vou tentar descansar um pouco até domingo e depois lá regressarei á confusão da cidade. Aqui a internet é muito lenta, por isso não há fotos no blog. Depois actualizarei.
Até segunda.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Prémio Manises


"Janela I, II, III,IV, V, VI"
Barro chamotado, técnica da lastra e rolos, vidrado a 1000ºC, queimado posteriormente na fogueira. 32 x 32 x 7,5 cm . 2003

Pormenor de uma das "Janelas"

A foto está muito má, mas é a que tenho do trabalho completo. Foi com este trabalho que participei na VI Bienal Internacional de Cerâmica de Manises, em 2003. Fui contemplada com uma Menção Honrosa. Posteriormente vendi a um cliente aqui do Porto.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Texto de Manuel Cerveira Pinto

"Caracol"
Grês, técnica mista, cozedura a 1280ºC a gás com redução. 35 x 20 x 6 cm. 2007

Este foi o texto que Manuel Cerveira Pinto, escreveu para a minha exposição individual intitulada "metáfora do Mundo", no Estaleiro Cultural Velha-a-Branca, em Braga, realizada em Dezembro de 2007.


Metáfora do mundo
A natureza constitui quase invariavelmente o mote da obra cerâmica de Sofia Beça. As questões com ela relacionada e com a presença humana, as suas conexões com a vivência quotidiana o meio ambiente e as próprias relações entre as pessoas constituem o universo por onde o barro molda as formas da própria arte e que estabelecem a visão poética da autora. Por vezes distante, por vezes crítica, ou ainda apenas contemplativa. A metáfora do mundo expressa-se através de formas geralmente orgânicas, onde pontuam elementos geométricos, que revelam a importância que o habitar tem para o próprio ser... seja ele humano ou não. A linguagem própria que já há anos Arcadio Blasco sugeria despoletar na obra da autora, ganha contornos cada vez mais nítidos na sua singularidade como metáfora da própria vida, despertando-nos a curiosidade pelas suas próximas realizações.
Manuel Cerveira Pinto
Setembro de 2007

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Simpósio em Buenos Aires




Em 2005, o Instituto Municipal de Cerâmica convidou-me a participar no VII Simpósio de Cerâmica de Avellaneda, Buenos Aires, Argentina. Éramos cerca de 20 ceramistas de vários países e tínhamos apenas uma semana para realizar o nosso trabalho. Lembro-me que comparei o ritmo de trabalho com o Japão, completamente distinto. Na Argentina há tempo para tudo, sempre bem dispostos e a improvisar a toda a hora.
Lá consegui acabar este trabalho e ainda tive que dar uma palestra sobre o meu percurso e sobre o I Encontro Internacional de ceramistas em Boassas, que tinha organizado em 2004.
Este instituto tem cerca de 500 alunos a frequentar o curso de cerâmica com duração de quatro anos e todos os dias os tínhamos a fazer perguntas sobre o que nos viam fazer. Foi muito cansativo. Havia que lhes dar atenção, mas também tínhamos o compromisso de acabar o trabalho e paralelamente as palestras que havia diariamente.
A minha ida só foi possível, graças ao apoio a 100% da Embaixada de Portugal. Como fui a única portuguesa a estar presente, fui em "representação" do país. Receberam-me lindamente, obrigada a todos da Embaixada.