Há poucos anos fui desafiada por uma cliente para lhe fazer uns vasos para as suculentas. Na altura o desafio pareceu-me estranho, uma vez que era fazer "objetos com utilização prática". Aceitei e acabei por lhe ir tomando o gosto. Vejo-os como pequenas esculturas a serem habitadas pela natureza. Agora, quase sempre faço uns poucos para cada fornada que tenho pela frente e digo a mim mesma que ficarão para as minhas suculentas..... raramente ficam. Eu ainda só tenho dois!!
quinta-feira, 29 de julho de 2021
segunda-feira, 26 de julho de 2021
Réplicas azulejos
sexta-feira, 9 de julho de 2021
Fornada de lenha
Depois de produzir os meus trabalhos no Porto, tenho que os
transportar ainda em cru para serem cozidos no meu forno de lenha, na aldeia de
Outeiro, Bragança. Há muitos anos que todo o meu trabalho é cozido desta forma,
a maior parte das vezes, feito em registo solitário. Às vezes, tenho a sorte de
alguns amigos quererem ir assistir ou ajudar, o que minimiza o esforço que uma
fornada acarreta fisicamente. O fotógrafo João Monteiro, disponibilizou-se a
fazer o registo desde processo. Deixo-vos aqui este diaporama, fruto desse
acompanhamento. Obrigada João!!
https://www.youtube.com/watch?v=fGX_e33-HVc&ab_channel=SofiaBe%C3%A7a
quinta-feira, 8 de julho de 2021
3º Bienal de Cerâmica da Letónia "Martins Awards 2021"
https://www.rothkocenter.com/en/ekspozicija/martinsons-award-2021
segunda-feira, 5 de julho de 2021
Consequências na matéria
Grês, técnica da lastra, cozedura a 1270ºC em forno de lenha. 2021. 37 × 77 × 7 cm
Pequeno texto da folha de sala da exposição:
"Meu querido,
Enviei-te fotos de alguns dos trabalhos que fui fazendo desde que nos conhecemos. Lentamente foste servindo de mote ao meu percurso. Depois, com o confinamento e a nossa reaproximação, foste assumidamente o meu "muso" (as mulheres não gostam de reconhecer, mas eles existem, felizmente).
As nossas conversas deram bons frutos na minha criação
(modéstia à parte). Construí histórias imaginárias, umas bonitas, outras nem
por isso, mas sempre imaginárias. Toda a nossa troca de conversas foi
virtual. Fui-te estudando e usando aquele
teu lado mais interessante, que aos poucos ias revelando.
Não tenho habilidade nenhuma com as palavras, mas sem me alongar, creio que te escrevi o essencial.
Sofia"
domingo, 4 de julho de 2021
Performance "Terra Abandonada" - Mértola
"Terra Abandonada é um conjunto de esculturas cerâmicas que são deixadas ao abandono em locais públicos estratégicos e onde é definida uma orientação inicial pela artista da forma e movimento de cada peça, sendo depois continuada pelas intervenções dos elementos naturais aos quais as obras ficam expostas. Neste processo, as formas e matérias iniciais vão-se degradando com o tempo, deixando lugar a novas formas controladas e dirigidas pela natureza.
Sofia Beça escolheu Mértola para deixar uma das suas peças de "Terra Abandonada".
A Perfomance foi na Horta da Malhadinha / Centro de Agroecologia de Mértola, e foi seguida de um Encontro- Partilha sobre paisagens passadas e futuras, com Sofia Beça, Susana Goméz, arqueóloga do Campo Arqueológico de Mértola e Pedro Nogueira, coordenador do Centro de Agroecologia de Mértola."
A Performance decorreu no dia 10 de Junho.
sábado, 3 de julho de 2021
sexta-feira, 2 de julho de 2021
Consequências na matéria
Sofia Beça, escultora cerâmica, expõe pela primeira vez em Mértola o seu trabalho que, embora radicado na escultura e na cerâmica, assume-se como multiforme e convoca as artes visuais de forma abrangente, rompendo os limites da área disciplinar na qual se inscreve. Nas obras apresentadas em “Consequências na Matéria” a noção de paisagem é abordada a partir de murais de parede ou pequenas obras escultóricas, ancoradas na técnica da lastra, usando o forno de lenha para a cozedura das suas peças. Ondulações, montanhas, vales ou jardins são descobertos em obras que desafiam a nossa perceção ótica e intersectam as fronteiras da pintura e da escultura. Outras, de cariz mais tridimensional, remetem-nos para questões de demarcação e de conquista. Podemos imaginar marcos ou soldados estilizados que defendem os seus territórios inscritos na sua pele feita de grês.
Alejandro Ratia, escritor e crítico de arte espanhol, realça esta faceta de Sofia Beça da seguinte forma: “A artista transforma-se em topógrafa. Descreve ou inventa uma paisagem. E dentro dessa atividade topográfica encontra-se também a marcação de território através de marcos ou pontos geodésicos. Estas marcas modernas convivem com outras mais tradicionais, muitas vezes ligadas ao culto religioso, como por exemplo cruzes ou estrelas. Uma das principais funções da escultura foi precisamente esta: a demarcação de limites. O que significa também dotar o território de um sentido, uma função primordial a que Sofia Beça regressa. (…) No entanto, em Trás-Os-Montes, onde a artista cuida do seu forno de lenha, é ainda com pedras que se demarcam os terrenos. Poder-se-á aqui aludir a uma política do território, se aqui introduzirmos os títulos de propriedade ou os sinais de conquista”
Sofia Beça deambula assim entre a Paisagem e a História, mas não esquece temas tão atuais como o isolamento ou a solidão, materializados em esculturas de uma abstração dialogante e de uma força capaz de aprofundar os sentimentos que temos perante elas. Paradoxal é a sua obra intitulada “Não, não estamos todos no mesmo barco” numa clara alusão à situação pandémica que atravessamos e em particular à condição assimétrica do mundo das artes.
Tiago Guedes
Comissário da exposição
2021