quinta-feira, 31 de março de 2022

50 anos!

50 anos, meio século, e agora? Agora que já vamos a meio caminho, e já perdemos todas as ilusões de mudar o mundo e de ser felizes para sempre? Agora, que já não temos o vigor e a energia da nossa juventude, e a nossa paciência se esgota com tudo aquilo que outrora achávamos irrelevante no mundo?

Ainda vamos a meio. E se já perdemos as nossas ilusões dos primeiros anos de vida, fiquemos então com as ilusões das ilusões. Conseguimos agora ver as coisas com mais clareza, mas isto não nos impede de continuar a sonhar. Não podemos - devemos iludir-nos frequentemente, para que tudo possa continuar a fazer sentido. Na ilusão das ilusões, tudo será melhor, se assim quisermos. Sonhamos acordados com um pé na terra e outro no céu, mas sonhamos mais alto, mais forte, à medida do nosso crescimento interior.

50 anos, ainda vamos a meio do caminho. O caminho que sempre te foi natural e com bravura e determinação escolheste. Ser ceramista, em Portugal. Poucos se lembrariam de levar isto tão a sério como tu. Mas já nasceste assim, livre, e nada te conseguiria derrubar. Neste meio caminho, deixaste um rasto indelével. O da tua obra, que fica e ultrapassa o tempo e a matéria, e o do teu filho, a tua criação suprema e sobre a qual depositas o teu futuro. 

Neste caminho, nunca estiveste nem estarás sozinha. Agora que eu já não sou só irmão, mas também pai ( de dois irmãos), consigo ver nos meus filhos algo que nem sempre consegui ver. Fico frequentemente a vê-los brincar, a rir ou a chorar, e consigo ver-nos a nós, em pequenos, a fazer tudo o que eles fazem. E é tudo muito claro. Nada poderá quebrar este elo mágico, que é tão forte que transcende qualquer palavra, e que mesmo no silêncio é cúmplice para toda a vida - o amor entre irmãos.

Nos bons e maus momentos, serei sempre o caçula e estarei sempre ao teu lado nos próximos 50 anos, mesmo que nem sempre me consigas ver. 

O teu irmão Gustavo

28 Março 2022

quarta-feira, 30 de março de 2022

Residência Artística em Kecskemét

 



"Poll" - 2022
Grês e porcelana, técnica da lastra, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução. 
34 x 25 x 13 cm



"Thermal Bath" - 2022
Grês e porcelana, técnica da lastra, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução. 
33 x 33 x 18 cm

Fui publicando aqui as imagens das obras realizadas na temporada da residência artística no estúdio internacional de cerâmica, em Kecskemét. Hoje, termino com estas. 

Durante essas seis semanas, mantive duas das práticas desportivas que me acompanham à muitos anos. Percorri diversas vezes a cidade a pedalar e ia de bicicleta até à piscina olímpica. Apesar de haver mais gente a nadar nessa mesma hora, era o meu momento, uma prática solitária. "Poll" é o reflexo disso.

Também nesse mesmo espaço enorme, havia saunas e banhos termais. A Hungria tem águas termais em 80% do território e estão espalhados por todas as cidades diversos banhos termais. Hábitos culturais de que os húngaros não prescindem.
E se é meu hábito, durante as temporadas das residências artísticas, absorver o que me rodeia, não poderia deixar de experimentar um banho termal. Não só experimentei, como de imediato me viciei. Era maravilhoso estar ali, no meio dos húngaros, dentro de água a 38ºC, no exterior (optei sempre pelo banho termal exterior), com jacuzzi de quando em vez, um frio gelado, a nevar, com chuva ou sol. E ficar ali, a relaxar, a meditar, a observar o comportamento deles. Local de encontro para alguns amigos sussurrarem, casais muito cúmplices, e solitários a observar os solitários. Um lugar místico e sedutor.
"Thermal Bath" surgiu-me num desses momentos.
 
Já tenho saudades, convidaram-me a voltar, quero voltar!!

segunda-feira, 21 de março de 2022

Residência Artística em Kecskemét

 








"Homage to Love I, II, III" - 2022
Porcelana, técnica da lastra, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução.
23 x 23 x 17 cm

Como referi na publicação anterior, produzi diversas obras, na Residência Artística, em Kecskemét, Hungria. As que apresento agora, nestas imagens, são o reflexo dos meus passeios pelos cemitérios de Kecskemét e por algum tempo de isolamento. Quem me conhece um pouco, sabe que tenho um certo "fascínio" por cemitérios antigos, deambular por eles, observar as fotos, ler os nomes e as dedicatórias e começar a imaginar histórias à volta dessas tumbas arquitetónicas. Ao observar a quantidade de arranjos florais que usavam para homenagear os entes queridos (os Húngaros adoram flores), comecei a pensar que seria bom eu homenagear quem passou pela minha vida e que por motivos diversos seguiu outro caminho ou que ainda se mantém ao meu lado. Quem entra na nossa vida, nunca mais de lá sai, deixa sempre um pouco dela em nós, então porque não homenagear enquanto cá estão? O resto do pensamento guardo comigo e deixo-vos fazer a vossa história.

quinta-feira, 17 de março de 2022

Residência Artística em Kecskemét


 "Mountains  with sediments" - 2022

Grês, técnica da lastra, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução. 50 x 75 x 5 cm

(doação para a  Embaixada de Portugal, em Budapeste, Hungria)

"Mountain I" - 2022

Grês, técnica do bloco, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução.  30 x 23 x 28 cm



"Sediments" - 2022

Grês e porcelana, técnica da lastra, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução. 16 x 16 x 6 cm


"Sediments" - 2022

Grês e porcelana, técnica da lastra, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução. 16 x 16 x 6 cm

"Habitats for suculents" - 2022

Grês, técnica do bloco, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução. 25 x 16 x 13 cm

"Mountain II" - 2022

Grês, técnica do bloco, cozedura a 1280ºC em forno de lenha, com redução.  43 x 21 x 17 cm


Durante a minha temporada no estúdio internacional de cerâmica de Kecskemét, produzi diversas obras para apresentar no final da residência artística. As que apresento aqui, nestas imagens, são fruto do que fui vendo na viagem aérea  e no gosto que têm por plantas e flores. 

terça-feira, 8 de março de 2022

Residência Artística em Kecskemét

 





No passado dia 22 de Fevereiro, foi a apresentação, com uma pequena palestra, do meu percurso profissional e seguidamente a apresentação de algumas das obras realizadas durante a residência artística no estúdio internacional de Kecskemét, Hungria.  Sempre bom falar para quem nos quer ouvir e aprender um pouco sobre nós. Nesta residência artística, tive o apoio do Instituto Camões / Embaixada de Portugal e o privilégio do Embaixador de Portugal Jorge Roza de Oliveira, o Director do CLPIP de Budapeste João Miguel Henriques e o Conselheiro do AICEP de Budapeste Joaquim Pimpão, terem feito questão de se deslocar até Kecskemét, para estarem presentes, comigo, nesta apresentação.